martes, 1 de abril de 2014

A menina Maria e a rotina da casa



No nascimento de Maria não houve nada de extraordinário. Pelo menos, os Evangelhos nada mencionam. Deve ter nascido na Galiléia, provavelmente na cidade de Nazaré, e naquele dia pode até ter sido confiado algum segredo aos seus pais, porém, nada foi revelado aos homens. Com certeza, Maria teve uma vida normal junto a seus pais Ana e Joaquim.


Deus queria que seu filho fosse o primeiro de uma multidão de verdadeiros irmãos, e preparou uma Mãe para seu filho e para todos esses irmãos.

A rotina naquele pequeno vilarejo de Nazaré começava cedo. Logo ao levantar era costume pronunciar a primeira berakhá, isto é, bênção, porque ninguém fazia nada, não se tocava em nada, antes da primeira berakhá:



”Bendito seja o Senhor por mais um dia que começa. Bendito seja o Senhor porque abristes meus olhos. Bendito seja o Senhor pela saúde do meu corpo, pela casa que me abrigou, e pelos trabalhos que tenho hoje para fazer”.

Aí, então, começava a lida. Primeiro varria-se para um canto, a palha que era usada embaixo da esteira para servir de cama. Enquanto isso os homens, como era obrigação de todo judeu, colocavam o Tallith (semelhante a um xale) sobre os ombros, e com os filactérios (textos da lei que eram escritos em uma fita de couro) faziam a oração da manhã que era um louvou a Javé. Em seguida recitava-se o Shemá, o Credo judeu, e logo após seguia-se a Tefilá, que era uma oração de louvor e de ação de graças.



A menina Maria como todas as outras ia buscar água na fonte, que era obrigação de toda mulher, e quando as mulheres não vão para a lavoura ou para o pastoreio, cuidam de lavar as tigelas usadas na ceia anterior, moem a cevada na pedra e preparam o pão. Pão de trigo somente para as famílias de posse, ou em dias de festa. Tira-se leite das cabras ou das ovelhas. Leite de vaca era pouco usado. Toda menina desde pequena aprendia usar o tear que era feito de madeira, onde se fazia toda a roupa da família. As roupas sujas eram normalmente deixadas de molho em salitre misturado com plantas aromáticas para serem lavadas.
Depois de quaradas, enxaguadas e secar, as roupas eram passadas a pedra. Usava-se uma pedra polida por baixo com cabo de madeira feito argola fixado na parte de cima. A pedra era aquecida diretamente no fogo.

Quando os homens, à tarde, retornavam do trabalho rezava-se juntamente com as mulheres, o Minhah, que era uma oração para oferecer todas as boas ações do dia, e também pedir perdão. Então era servida a ceia: pão de cevada, peixes, legumes, verduras e frutas. Rezava-se antes de começar a ceia, outra bêncão (berakhá) recitada por um membro da família. Todos acompanhavam com atenção e no final respondiam em coro:


“Bendito sejais para sempre nosso Deus eterno”.

Chegou a noite, mas o serviço para a menina Maria ainda não terminou. Como as outras mulheres, tem que recolher a ceia e colocar as tigelas em um lugar a parte para serem lavadas no dia seguinte. É preciso guardar os alimentos que sobraram, nos vasos de barro bem fechados. Nada pode ser atirado fora.

Agora sim.
Prepara-se o leito espalhando a palha e colocando as esteiras por cima.
Agora reza-se o Maarib, a bênção da noite, em louvor a Deus criador do dia, da noite, da luz e das trevas.

Boa noite, Maria.
Durma com Deus.

Maria dormia e sonhava porque todas as meninas naquele tempo esperavam e sonhavam com quem poderia ser a mãe do Messias...

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